Conseguir destaque em meio ao número sem fim de cinco estrelas fincados na região central de BALI, na Indonésia, não é tarefa das mais fáceis. Mas o magnata do aço Suwito Gunawan acertou em cheio ao dar carta branca ao designer Bill Bensley na construção de seu primeiro empreendimento hoteleiro: o fantástico Capella Ubud, que acaba de completar dois anos e é uma de nossas grandes apostas pós-pandemia — as tendas isoladas aos pés de uma natureza intocada, a preocupação com o meio ambiente e o atendimento impecável são alguns dos motivos de nossa escolha. Mas é a arquitetura a verdadeira estrela da propriedade visitada & aprovada por Vanessa e Mano Taques, mãe e filha à frente do site A Special Stay.
O sonho materializado de Bensley tem conceito de acampamento de luxo e culmina em uma realidade bastante fantasiosa, com direito a passarelas suspensas, paredes em canvas, camas de madeiras exóticas, janelas de plástico, geladeiras revestidas que mais parecem trunks de expedições antigas, tendas com mix de madeira e lona sob pilotis (aqueles pilares que sustentam a construção) e detalhes mil feitos à mão, como é o caso dos chuveiros e das torneiras — tudo inspirado pela expedição do italiano Marco Polo, que partiu da China para a Indonésia, e pelo explorador dinamarquês do século XIX Mads Johansen Lange, que se tornou um bem sucedido comerciante de café, arroz e especiarias.
O toque whimsical (excêntrico) do rei dos resorts de luxo exóticos não para por aí: os banheiros extremamente luxuosos contam com vasos sanitários que são verdadeiros tronos — o trocadilho nunca caiu tão bem! — feitos com madeira entalhada; as luminárias são em formato de macacos que seguram as lanternas e a piscina grande é 100% externa, com detalhes em ferro rebitado.
Todas as acomodações — 22 tendas e um chalé de dois andares — também têm piscinas menores, privativas. Dica de ouro: opte pelas que têm piscina de frente para o rio, com a melhor vista. As tendas são espaçosas, com uma média de 200 metros quadrados, e cada uma conta com nomes e personalidades bastante peculiares: a tenda do cartógrafo tem pergaminho, bússola e telescópio; a tenda do carpinteiro tem todo tipo de ferramentas artesanais; já a tenda da princesa tem cama de dossel com tecido caindo do telhado. Tesouros de leilões holandeses e antiquários balineses completam o décor.
É tão acolhedor que mal dá vontade de sair do quarto! Mas vale, sim, degustar o chá da tarde às 3PM e os deliciosos coquetéis do manager, às 5PM. Os menos preguiçosos devem explorar ao menos as principais atrações do entorno — leia-se os famosos arrozais de Tegallalang, que ficam a cinco minutos de caminhada (!) dali, e o templo da água Pura Tirta Empul (de preferência nos primeiros horários, para evitar multidões). O centrinho de Ubud é outro programa must do para quem estiver mais animado — as lojas de artesanato e jóias podem render bons achados. São 15 minutos de van disponibilizada pelo hotel em horários fixos. O Capella Ubud também organiza experiências locais e bem interessantes como visitas a escolas de pintura de miniatura e passeios pela comunidade, para observar como o balinês do campo mora atualmente.
Conta ainda com spa, que deixa a desejar. Melhor focar na culinária, mais um ponto alto do hotel. São dois restaurantes: no Bistrô Mads Lange (em homenagem ao explorador dinamarquês já citado) é servido o café da manhã incluído na diária, à la carte. A equipe simplesmente não poupa esforços para agradar, e faz todo o possível para criar a experiência mais bacana de café da manhã. Nas demais refeições, os pratos incluem tacos de caranguejo e pato em casca de coco. Os métodos do chef são locais e sustentáveis, e os coquetéis costumam ser fabricados em casa e envelhecidos em barris. Já o Api Jiwa é um restaurante japonês aberto ao público com menus de degustação de 8 a 10 pratos, com cortes de frutos do mar e carne grelhados na grelha e personalizados com especiarias.
Por essas e outras, o Capella Ubud entrou para a Hot List 2019 da Condé Nast Traveller logo em seu primeiro ano de existência. É custoso, mas realmente único – e uma interpretação muito bem-sucedida do chique colonial, que é raro (e zero clichê) para Bali.
MELHOR ÉPOCA DO ANO PARA IR A UBUD
As chuvas acontecem com maior frequência durante o verão (dezembro, janeiro, fevereiro e março) e os meses mais secos são julho, agosto e setembro. Julho e agosto são período de alta temporada, assim como datas comemorativas, como Natal e ano novo, então espere encontrar uma quantidade maior de pessoas na ilha se viajar nesses períodos, assim como tarifas mais altas nos hotéis.
O QUE LEVAR
Roupas para caminhada, muita roupa de jogging e sapato extremamente confortável para andar na selva. Não é um hotel que combina com salto alto. Um look mais arrumado para o restaurante, que é elegante