Definitivamente sim! Mais do que isso, programas no estilo natureza selvagem e cada um em seu quadrado, que incentiva o distanciamento até que a vacina contra a Covid-19 seja descoberta, são nossas grandes apostas para a mais que desejada pós-pandemia. A experiência no Umnya Dune Camp aconteceu pouco antes do isolamento mundial e está nos vídeos em destaque do Instagram (@pilulasdeviagem). Contamos mais detalhes aqui.
Depois da hospedagem extraordinária no Royal Mansour, em Marrakech, partimos de carro para esta superaventura no escaldante DESERTO DO SAARA, rumo à fronteira entre Marrocos e Argélia. O percurso é longo, mas as belíssimas Montanhas Atlas ajudam a distrair. A parada na aldeia de Ait-Benhaddou, palco de filmes hollywoodianos e séries relevantes como Babel, Gladiador, Rainha do Deserto, Alexandre, o Grande e Game of Thrones é estratégica e muito interessante. Fotos arrasadoras estão garantidas; só não espere extrema qualidade na refeição servida no restaurante principal do lugarejo (difícil imaginar Cate Blanchett, Angelina Jolie e Nicole Kidman sem frescuras, em uma temporada mais longa no lugar).
Teoricamente, seria mais prático pegar um avião até Zagora, onde trocamos o carro normal para um Jeep 4×4 antes de adentrar no deserto por mais três horas até o destino final. Os vôos diretos para a cidade, porém, partem apenas de Casablanca. E apesar do perrengue, vale cada energia gasta com paciência. A dica é entrar em estado meditativo, não olhar para o relógio e já antecipar alguns atolamentos no percurso (a areia é traiçoeira, mas os locais são experientes e sempre dão um jeito). Opção extra: agendar um helicóptero, infinitamente mais cômodo e custoso.
Eis que no meio do nada, um oásis espera exclusivamente por nós — o camp é supernovo, um verdadeiro achado. A estrutura principal impressiona, mas ainda não é possível avistar dali as seis tendas, todas extremamente privativas e instaladas entre as dunas que são redesenhadas ao longo do ano, de acordo com a vontade do vento. No topo delas, a vista mais esperada: o infinito e silencioso mar de areia, igualmente suscetível a toda e qualquer mudança climática (a cor dourada com nuances alaranjadas durante o pôr do sol é a nossa preferida).
POR DENTRO DA TENDA
Jogos, binóculos, lanternas e livros em inglês, francês e espanhol são algumas das amenidades do cômodo revestido e dividido por uma resistente lona bege. Artesanatos locais, produzidos pelos próprios nômades que perambulam nos arredores, fazem parte do décor — assim como as velas, que embelezam e iluminam, na (já esperada) falta de eletricidade.
Highlights: a cama dá de dez em muito hotel renomado, tamanho o conforto; já o banheiro é uma aula de conscientização e sustentabilidade, com direito a privada ecológica com cerrado no lugar da água e ducha de água quente (isso sim é luxo no meio do deserto!) mantida em bombas térmicas e bombeada apenas na hora do uso, o que resulta em uma baita economia.
O sobe e desce para chegar à tenda é um repelente de gente com maiores tendências a frescuras, o que filtra os hóspedes desde o início. É possível, porém, escolher a vibe da viagem entre introspectiva e exploratória. Explicamos: há quem vá fazer uma espécie de retiro espiritual e prefira não ser importunado. E há quem precise de atividades mil para ser feliz. O silêncio é fácil. E a lista de atividades, intensa; basta ter disposição: visita a tribos beduínas, observação de camelos em seu habitat natural, sandboard, golf, yoga, música + dança ao redor da fogueira e até aula de culinária (aprendemos a fazer um surpreendente pão assado… na areia!).
O preço do acampamento começa em 345 euros por noite e Anas Hachimy, um dos fundadores, concorda que você precisa de ao menos duas. Nada como acordar com o sol e dormir com estrelas tão brilhantes quanto as do Atacama (inevitável a comparação dos dois desertos, tão parecidos e com tantas particularidades ao mesmo tempo).